quarta-feira, 5 de junho de 2019

26 de setembro de 2018

é na tristeza que escrevo
palavra a palavra
minha dor gotejo.

é catar-se em letras
estômago revirado na caneta
criatividade
escorrendo da sarjeta.

nada brota 
entretanto
nos dias de "nem tudo"
"nem tanto".

no equilíbrio
silencio
fico fora de mim
observo a calma
tento reconhecê-la:

prima distante
que veio da cidade grande.

agora, de novo, capturo mais um monstro
barreira, atoleiro, buraco, fosso.

esse medo monstro 
de repetir o vazio
ressentir abandono.


então nem começava
no lugar de acelerar, freava
no lugar de viver, travava
no lugar de amar, calava.

sábado, 15 de dezembro de 2018

segredo

até agora 
não aprendi a amar
aquele amor que faz casinha
laço mais apertado
aquele almoço de família 
juntos na cozinha

aprendo a caminhar
buscando equilíbrio
entre o que quero
e o que posso dar

colhendo parcerias
me amarrando a pessoas
que são o meu lar

amigos de música
de poema
de bar

amigas de viagem
pra fazer uma trilha no deserto
e quase sufocar

amigas de cookies
de bolo
café
ou chá

amiga pra risada
pra tatuagem 
sexta-feira 13
na madrugada


só uma certeza
a vida vale 
as pessoas que ela traz.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

asilo

então hoje
véspera do começo
borboletas e frio na barriga
lembro do primeiro dia:
fui encantamento

essa doçura que sorri em teu olhar
teus braços abertos 
e aquela conversa que transpõe o tempo

sou surpresa

atordoada

me entrego à correnteza...

sexta-feira, 27 de julho de 2018

SEXTA-FEIRA, 27 de abril

Marquei o divã
na parte mais dolorosa

rasgando o corpo
a alma
as cascas
todos meus critérios
preconceitos
dogmas
mistérios

como um quebra-cabeça 
alucinógeno
vou catando pedaços
pistas da verdade
piscando no espaço.

Até o acaso
vem me dar o braço.

Vejo tudo
o que não quero
e o que não repasso.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

música

nada me move mais
nada me tem
com tantos ais.
uma revolução interna
comoção de sinais
conjunção de projetos
fantasias fatais.

sempre me ajuda
lubrifica os canais
desentope os sentidos
me ajuda a ver mais.

ilumina meu dia
meu quarto
e tudo o mais.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

poema alupinado

foi mesmo
esse olhar ancestral
que me despiu
me fez corar
me fez gemer
me penetrou assim
cheio de justiça
meio sem licença
numa poça de querer

foi teu olhar ancestral
que buscou em mim a fêmea
meu desejo visceral

teu olhar ancestral
que me acende os mamilos
faróis táteis
na escuridão do lençol

tuas mãos hábeis
que tocando meus tambores
me derretem:
água e sal.

domingo, 22 de abril de 2018

Para Claudio

EU TE DISSE,
AMIGO
QUE EM BREVE
TUA ACIDEZ 
VOLTARIA EM CASTIGO.

ESSE DE LEVE
QUASE UM AFAGO
TAPINHA DE DEDO
NA PONTA DO BRAÇO.

AZEDO AMIGO!
TE TENHO CARINHO
TEUS ÁCIDOS
SÃO UM CAMINHO

TUAS PALAVRAS NUAS
PORQUE DESPIDAS DE QUALQUER DOÇURA
SÃO APENAS VERDADES
ESPELHOS 
E CURAS

PROMETI UM ROTEIRO
DE FILME
DE PEÇA
PRO AMIGO AZEDO

TE DOU UM POEMA
PORQUE TU É CHATINHO
MAS VALE A PENA.